16 de junho de 2010

Um jovem sexagenário



Essa semana um palco esportivo brasileiro completou 60 anos. Poucos se referem a ele pelo verdadeiro nome, salvo o eterno cronista Nelson Rodrigues e suas narinas de cadáver. A verdade é que o nome não oficial é o mais lembrado. Um vocábulo do idioma tupi-guarani, nome de um pássaro alaranjado e rabugento que, em vez de cantar melodiosamente, prefere imitar o som de um chocalho... Maracanã, “Maraca” para os íntimos!
O gigante de concreto foi construído especialmente para a Copa do Mundo de 1950, o primeiro jogo oficial foi na Copa, vitória brasileira em cima do México. A inauguração ocorreu em 16 de junho de 1950 no amistoso entre sel. Paulista contra Sel. Carioca, a vitória foi dos paulista, mas o meio-campista Didi da equipe carioca foi o primeiro a balançar o barbante do estádio.
A construção durou apenas três meses e foi muito contestada por Carlos Lacerda que na época era inimigo político do prefeito da cidade. Mas a construção era apoiada pelo jornalista Mário Filho, irmão de Nelson Rodrigues. Em homenagem ao seu apoio e seu amor por esportes, Mario foi homenageado tendo seu nome como o oficial do Estádio.
O nosso querido Maracanã não recebe apenas partidas de futebol, em 1983 as seleções de Brasil e União Soviética disputaram uma partida de vôlei no estádio para cerca de 95 mil pessoas, maior público já registrado em uma partida de voleibol, só que não era a primeira vez que o Maracaña era usado para outros esportes, em 1952 a equipe norte-americana de basquete Harlem Globetrotters já havia se apresentado lá.
Além disso, o “Maraca” já viveu momentos inesquecíveis como a abertura e encerramento dos jogos Pan-Americanos de 2007 e, em 2016 vai entrar no hall dos estádios que receberam abertura de Olimpíadas e final de Copa do Mundo, se igualando aos estádios olímpicos de Munique e Roma.
Só que os momentos memoráveis não são feitos só de alegrias, a maior decepção futebolística do país passa por ali, “Só três pessoas calaram o Maracanã com mais de 200 mil pessoas. O Papa João Paulo II, o Frank Sinatra e eu” afirmou o carrasco brasileiro em 1950 Alcides Gigghia. O maracanazo como ficou conhecido aquele 16 de julho de 1950 é a página mais triste do vovó Maracaña.
Mais deixando o tom de tristeza de lado, o estádio já viu dois times brasileiros se sagrarem campeões do mundo, Santos em 1963 contra o Milan e Corinthians em 2001 contra o Vasco. O “Maraca” ainda teve a honra de receber o milésimo gol do Rei, viu Garrincha e suas jogadas que entortavam até o pescoço dos espectadores, e teve suas redes balançadas por exatas 333 vezes com gols do Zico o maior artilheiro do estádio.
Eu como todo menino que já sonhou em jogar futebol, já me imaginei marcando um gol na final da Copa do Mundo no Maracanã. Como não deu, fica o consolo expressado pelo grito das torcidas: O Maraca é nosso!

11 de junho de 2010

Pelé e Mané... Kaká e Robinho...

O que Garrincha, Pelé, Kaká e Robinho possuem em comum? Não são os respectivos números da camisa amarelinha... 10 e 11. O rei e o Anjo das pernas tortas nunca perderam uma partida jogando juntos pelo escrete canarinho. Kaká e Robinho também não – vale frisar que isso é na “Era Dunga”.
A dupla que conquistou os mundiais de 58 e 62, jogou 40 partidas pela seleção, obtendo trinta e cinco vitorias e cinco empates. A dupla do século 21, sob a batuta do técnico Dunga, jogou trinta e duas vezes, com 28 vitórias e quatro empates. O retrospecto das duplas é quase igual, tirando o fato dos títulos mundiais de Mané e Pelé.
Nessa Copa, Robinho e Kaká podem se consagrar como astros eternos do futebol brasileiro e ser mais uma dupla histórica de títulos mundiais, como: Bebeto e Romário em 94; Pelé e Jairzinho em 70 ; Ronaldo e Rivaldo em 2002.
Mas o fato do Kaká não estar 100% preocupa o povo brasileiro, no caso (torço para que não aconteça) do astro de Real Madrid não conseguir jogar a Copa inteira, Robinho estaria preparado para ser o que Garrincha foi em 1962 quando Pelé se machucou? Eu acho que sim, Robinho vem voando e sendo decisivo na seleção, assim como Mané, faz arte com a bola nos pés, deixando a zaga adversária preocupada e abrindo espaços para os companheiros.
Como não vai acontecer do Kaká ficar sem condições de jogar, a torcida vai para que os deuses da Copa estejam do lado verde-amarelo - não seja somente o verde-amarelo dos sul-africanos - ajudando a seleção brasileira a consagrar mais uma dupla infernal, inesquecível, de outro planeta.
Espero que Kaká, o camisa 10 da seleção de 2010 seja o Pelé da Copa de 70, e Robinho que veste a camisa 11 seja igual nosso anjo das pernas tortas o 11 em 1958. Que Kaká encante o público com seu futebol clássico e elegante, que Robinho arrase “Joãos ninguéns” pelo mundial.
Ao escrever imaginei uma situação, imagina se tivéssemos Garrincha caindo em uma ponta, Robinho na outra, Kaká armando pelo meio e Pelé fazendo o que melhor sabia fazer? Claro esse esquadrão de ataque só pode ser formado no vídeo-game. Kaká e Robinho não chagam aos pés de Pelé e Garrincha, mas são os craques da nossa seleção... agora cai entre nós, já pensou se o ataque do video-game fosse de verdade?! Não custa sonhar e torcer para que a dupla desse ano chegue perto do Rei Pelé e do Anjo Mané.

Vai começar o maior espetáculo da terra!

Já se passaram 1.431 dias, cerca de 34.344 horas, desde o dia nove de julho de 2006, data da final da última copa do mundo, que foi disputada entre Itália e França; e hoje, onze de junho de 2010, a bola volta a rolar em um mundial. O jogo entre África do Sul e México é aguardado com muita expectativa, principalmente por todo o continente africano, que tem a honra de receber o maior evento futebolístico do mundo e, uma honra maior ainda por ser sede no ano que a competição idealizada por Jules Rimet completa 80 anos.
Antes mesmo da competição começar, polêmicas já foram criadas. A bola Jabulani vem recebendo criticas dos jogadores, que a chamam de “patricinha” e “jabumonstro”, mas a verdade é que a única coisa que nunca mudou na história do futebol é a forma da bola. Ela continua redonda.
Detalhes à parte, a festa está pronta para acontecer. Só um quesito faz o mundial da África perder parte do charme: o número de craques dentro de campo, que não vai ser tão grande como em outros mundiais, afinal de contas, Beckham, Ballack, Ronaldinho Gaúcho e Benzema não vão desfilar seus talentos no mundial. Uns por lesão, outros por opção do treinador. Independente disso, a elegância vai estar presente nos pés de Kaká, Xavi e Messi.
O maior espetáculo da terra começa, e junto com ele vem as mesmas perguntas de todos os mundiais: Quem vai ser o artilheiro? Qual a zebra desse ano? Quando que a Argentina vai cair fora?
No mundial da África, o primeiro a quebrar um recorde vai ser o técnico dos Bafana Bafana, Carlos Alberto Parreira. Ele treina a quinta seleção diferente em mundiais, esse ano. Outro recorde que pode ser quebrado em campos africanos, é o de maior artilheiro da história das copas. O posto atualmente é do Ronaldo fenômeno, com quinze tentos em quatro mundiais, porém o alemão Miroslav Klose, com dez gols, pode tomar o título de Ronaldo, caso balance seis vezes as redes adversárias.
Outra pergunta intrigante é se as maldições serão quebradas no mundial desse ano. Maldições como aquela, que diz que o melhor jogador do mundo nunca sai campeão da Copa, assim como aconteceu com Baggio em 1994, Ronaldo em 1998, Figo em 2002 e Ronaldinho Gaúcho em 2006. A torcida brasileira espera que essa maldição continue, pois assim a Argentina, que conta com Messi - o melhor jogador do mundo na atualidade - não irá tão longe. Por outro lado, a nação canarinho espera que a maldição que segue o campeão da Copa das Confederações seja quebrada, pois o mesmo País nunca ganhou o mundial seguinte. Já que o Brasil ganhou no ano passado, a reza é brava para que essa maldição seja quebrada.
A bola começa a rolar hoje, às 11:00 horas, e torcemos para que a seleção canarinho voe em campos africanos, pois somos 190 milhões unidos em um só coração torcendo pelo hexa!

8 de junho de 2010

Dr. Na bola e simpatia

Matéria de: Danilo Georgete
Humberto Frasson







O Dr. Socrates, capitão da seleção brasileira na Copa de 82, um dos líderes da Democracia corinthiana, eleito pela FIFA um dos 125 melhores jogadores da história do futebol ainda vivos. Concedeu essa entrevista, onde falou sobre diversos assuntos, entre eles Corinthians e seleção brasileira.

Como se sente tendo feito parte daquela seleção da copa de 1982?R: Era um grupo fantástico, mas isso não tem muita importância não. O importante é o que você é, e não o que você faz ou participou.

O Dr. Vê alguma semelhança entre a seleção de 1982 e o movimento das diretas já?
R: Ambos uniram o povo brasileiro, só que na copa foi a arte, o futebol bonito que uniu o povo. Nas diretas já o povo se uniu em busca de seus direitos. A seleção era uma expressão artística que também faz parte da nossa cultura, já as diretas foi um movimento político, a única semelhança entre as duas é mostrar o quanto o povo brasileiro se une. Apesar de hoje em dia o brasileiro só se unir a cada quatro anos no mês da Copa.

Como fica o coração perto da Copa do Mundo?R: Torcendo pelo Brasil. Mas como hoje eu penso em futebol, escrevo sobre futebol, não posso me dar ao luxo de ser fanático. Quem tem visão crítica não pode ter visão apaixonada, tem que ser torcedor uma vez ou outra, apesar de querer ver o Brasil campeão sempre.

Aquele pênalti desperdiçado nas quartas de final da copa de 86 contra a França, foi um dos piores momentos da sua carreira?R: Nada disso! O duro foi perder a mulher que eu amava(risos). Pênalti todo mundo perde, é uma questão de trabalho, isso não vale nada. Entenda o seguinte, é muito mais importante uma lágrima do que um saco de dinheiro, é muito mais importante um carinho, um abraço, do que um gol na Copa do Mundo. É muito mais importante um amor, do que ser campeão do mundo.

A Democracia Corinthiana foi o maior movimento ideológico da história do futebol brasileiro, como esse fato afetou os jogadores do Clube a ponto de uma melhora dentro dos gramados? R: A Democracia corinthiana colocou uma postura educativa no clube, todos tinham o mesmo direito; do roupeiro ao jogador de maior salário, o valor dos votos era igual. Tínhamos uma postura igual a que todo o povo brasileiro queria, de igualdade. E outra, não mudou os jogadores, mudou os dirigentes, isso proporciona uma melhhora tremenda dentro de campo, começamos a jogar livres, sem pressão, tínhamos poder de decisão, isso ajuda o jogador.

O Dr. Acha que hoje o Brasil já é por completo um país democrático?R: Ainda não. Hoje só temos direito a voto, precisamos ter uma democracia social e econômica também, e estamos muito distante disso.
Hoje em dia tem algum jogador que te desperta o interesse de ver jogar?
R: Existe muitos jogadores bons, mas o Paulo Henrique Ganso é um jogador que se diferencia dos outros. É inteligente, enxerga bem os espaços no campo, é bonito de se ver jogar.

Hoje é difícil a torcida criar uma identidade com os jogadores, a culpa é do futebol comercial que existe?R: Hoje o jogador fica muito pouco tempo no clube, não dá pra criar uma paixão, amor, se você fica um dia na casa de alguém, tem que ficar anos. Hoje ninguém para em lugar nenhum é uma rotatividade muito grande, não dá pra criar um sentimento de quem fica 10 ou 15 anos como os jogadores ficavam no passado. A forma de relação clube e jogador atualmente é diferente, e isso tem que ser respeitado.

Falta personalidade nos jogadores atualmente? Já que muitos são manipulados por seus empresários.R: Não é falta de personalidade, é falta de educação. Tem é que dar educação pra esse povo, se não vai ficar por isso mesmo, vão ser manipulados pro resto da vida , e não só por empresários, mas por técnicos, dirigentes e até mesmo os filhos. Às vezes o filho de 3 anos é mais inteligente do que o cara de 30 que vai jogar no seu time, e isso ta claro, tem que educar esse povo, e não são só os jogadores, todos os brasileiros tem que ser educados. E a obrigação é do Estado.

O Dr jogou no Corinthians, Botafogo de ribeirão Preto , Fiorentina, Flamengo e Santos. Qual foi sua maior paixão no futebol?R: O Botafogo foi o clube que comecei, é um carinho especial, é como sua primeira namorada. O Corinthians foi o clube me deu visibilidade, foi aonde cheguei na seleção, foi minha primeira esposa, aquela que deixa marcas profundas no coração. A Fiorentina foi o time que me acolheu na Europa. O Flamengo é o Flamengo, qual jogador não sonha poder vestir a camisa dos clubes com maiores torcidas do Brasil?
Eu vesti as duas. O Santos, era o time que torcia na infância, então teve um sentimento especial. Mas a minha marca é Corinthiana, não que os outros tenham sido piores. Eu me apaixonei por todos.

Como foi conciliar o futebol com o curso de medicina?R: Foi difícil, mas dava mais importância a faculdade, o futebol foi um acidente de percurso na minha vida,um bom acidente por sinal. Só me dediquei mesmo ao futebol depois que concluí a faculdade, não que desprezava os treinamentos, mas sim a importância que eu dava foi maior.