3 de fevereiro de 2010

Craques... Torcida covarde... Maracanazo...

A Tv chegava ao Brasil, Getúlio Vargas voltava ao poder... mas nada foi tão inesquecível quanto a primeira Copa do Mundo em solo brasileiro.
O símbolo do país era o gigante de concreto, batizado de Maracaña. Um vocábulo do idioma tupi-guarani, nome de um pássaro alaranjado e rabugento que, em vez de cantar melodiosamente, prefere imitar o som de um chocalho, descreve Silvio Lancellotti. O povo não sabia que aquele cenário mágico se transformaria em uma tragédia grega.
Após convincentes vitórias, o escrete canarinho chegava a última rodada do quadrangular final precisando somente do empate, fácil não? Se engana que pensa assim, o adversário da seleção era o bicampeão olímpico e campeão da primeira Copa do Mundo, o Uruguai...
Na partida de 16 de Julho o Brasil começou arrasador, torturando o constrangido time do Uruguai, afinal tínhamos o apoio da massa, e que massa... cerca de 200.000 mil pessoas, mas reza a lenda que o número era bem maior. Em meros 45 minutos o Uruguai cedeu dezenove escanteios. O barulho da torcida era escutado a vários quarteirões de distância. Logo ao 2 minutos da etapa final, Friaça escapou pela direita, em contra-ataque, e colocou o Brasil na frente, um delírio colossal Brasil a fora, estávamos conquistando o mundo.
Aí então que surgi o antagonista do espetáculo, avisaram à todos que a festa estava armada, menos para ele...Um mulato, repito um mulato, chamado Obdúlio Varela, o capitão da celeste. Dirigiu-se ao arbitro inglês num protesto ofensivo, querendo mostra calma para os companheiros, e para a torcida que o Uruguai ainda estava vivo, e muito vivo.
A resposta Uruguai veio pacientemente – e para nosso azar, foi letal! Invés do desespero, veio o brio e a aplicação. Aos 66 minutos veio o empate da celeste olímpica, empate que ainda dava ao Brasil o título, mas inexplicavelmente a seleção de Flávio Costa desmoronou. Até hoje estudiosos de psicologia de massas analisam os motivos que induziram o estádio a se calar.
Naquele então fúnebre maracaña só se escutava os berros do mulato uruguaio. E a oito minutos do fim, veio o sepultamento brasileiro, Luís Mendes locutor da partida fez nove inflexões diferentes ao narrar o gol do Uruguai, naquele momento perdíamos a Copa do Mundo dentro de casa. O silêncio foi ensurdecedor.
A torcida brasileira abandonou a seleção quando ela mais precisou, foi uma torcida covarde disse Obdulio Varela. E o então presidente da FIFA Jules Rimet concordou, ele afirmou que sentiu vergonha de entregar a Taça ao capitão do Uruguai. Rimet descreveu em seu livro sobre a Copa do Mundo que apenas apertou a mão de Vasrela e ambos não falaram nada, pois o silêncio não permitiu.
Devido ao macanzo, como os Uruguaios chamam esse jogo, ganhamos os outros cinco títulos mundiais.
O que me entristece é que jogaram por mais de meia década a culpa em cima do arqueiro negro da seleção, Barbosa, ele não teve culpa nenhuma, e o preconceito foi inaceitável, pois o time Uruguai tinha tantos negros quanto o Brasil.
Mesmo tristes com a derrota os 200.000 espectadores fizeram questão de aplaudir os bi campeões olímpicos, uma lição de humildade e fair play.
Uma das melhores gerações de craques brasileiros foram amaldiçoados pelo Maracanazo, exeto uma enciclopédia chamada Nilton Santos, que ganharia o mundial de 1958.

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