24 de abril de 2012

É por isso que é o esporte mais popular do mundo

O pragmático ganhou da arte mais uma vez. Fez história, surpreendeu o mundo. Calou um estádio, humilhou o melhor do mundo. Muitos perguntam, qual a graça de ver 22 homens correndo atrás de uma bola, eu digo: A graça é o que vimos hoje, o todo poderoso Barcelona, perder diante da sua torcida. Quando falam que futebol é uma caixinha de surpresas, podemos achar que não, mas esses momentos nos afirmam que o futebol é inexplicável.

Não foi a primeira vez, não vai ser a última que o melhor futebol, aquele que mais encanta vai perder.A mágica seleção da Hungria da Copa de 54 é um exemplo de um time que encantou e não levou o caneco. O famoso carrosel holandês da Copa de 74 é outro. Sem contar que para a tristeza nacional podemos citar aquela que para muitos foi a melhor seleção brasileira depois da de 70, a equipe comandada pelo mestre Telê Santana encantou a Via Láctea mas não levou a Copa de 82.

 Enquanto vemos a galera descendo a lenha, alguns até se indagando se o encanto do Barça acabou, posso afirmar com plena certeza que não. O encanto pode se perder com o passar do tempo, assim como o encanto com sua namorada pode acabar. Mas aquela arte vai ficar para sempre nos nossos pensamentos, o futebol do Barcelona nunca vai ser esquecido. Não é uma derrota numa semi-final que vai atordoar Messi e companhia, isso vai servir como lição, assim como aconteceu há dois anos atrás quando em situação parecida foi eliminado na semi-final do mesmo torneio.

 Agora quer saber o motivo do futebol ser tão apaixonante? É simples, fácil, objetivo e direto. Ele encanta os nossos olhos com momentos de prazer, êxtase que não podemos encontrar em outro lugar. Vivemos em apenas 90 minutos um misto de sensações que não podem ser encontradas em nenhum lugar, amamos, odiamos, brigamos, gritamos, ficamos com um nível intenso de adrenalina, isso é o futebol. Por isso que sempre que o juiz apita e a bola rola, o mundo para ao nosso redor.

9 de abril de 2012

Quatro gerações, uma paixão e a estreia do novo ídolo

Era um sábado de manhã, saímos de Curitiba rumo a Santo André a fim de passar o domingo no aniversário da avó. Chegando à grande São Paulo, escutamos no rádio uma matéria sobre o jogo. O menino Neymar estaria no banco. Eu tentava convencer meu pai a me levar ao Pacaembu para ver o que teoricamente seria um simples jogo do Santos contra o Oeste.

Já na casa da minha vó, depois de conseguir convencer meu pai, foi a vez de chamar meu avô para ir ao estádio. Resultado: fomos os quatro. Eu, meu irmão, meu pai e meu avô compramos os ingressos para a partida após enfrentarmos a fila gigantesca do estádio Bruno José Daniel, em Santo André, que era um dos pontos de vendas dos ingressos.

Almocei radiante, contente, ia conhecer o Pacaembu, ia ver meu time jogar, pela primeira vez iria ao estádio ver um jogo do Santos na companhia das três pessoas que sempre sofrem comigo vendo o santástico pela TV.

Estacionamos o carro longe do estádio, tivemos que enfrentar uma descida monstruosa, meu avô lá, firme e forte, apesar do problema de coração. Já chegando perto do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, escutamos o som da torcida. Aquele barulho empolgante, animador, e meu coração batendo no ritmo. “Ô, Ô, Ô, vamos vencer, Santooos”.

Já dentro do Pacaembu, nos ajeitamos em um lugar privilegiado atrás do gol, estava encantado com a beleza do estádio, meu vô me enchia de histórias do jogo Santos x Bahia que ele viu na década de 60 no mesmo Pacaembu, quando a tal concha acústica ainda existia onde hoje é o tobogã do estádio. Viajei no tempo, me imaginei em 60 junto com meu vô vendo aquele time mágico do Santos. Ele viu Pelé jogar, quer mais o que? Me perguntei no momento.

Meu avô, Sr. Antonio Alves, estava feliz. Ele não falou, mas eu via no rosto dele a felicidade de estar entre os netos e o filho vendo um jogo do Santos. A Torcida Jovem cantava, o Santos jogava de listrado, o estádio era todo nosso. O jogo era tenso, o Santos errava muitos passes, o lateral esquerdo, Triguinho, era vaiado pela torcida, o meio campo, Molina, não encantava. Era só mais um jogo.

Os reservas foram para o aquecimento e ficaram atrás do gol – perto de onde estávamos vendo o jogo. O canto mudou, a torcida começou a gritar “Neymar, Neymar, Neymar!”. Assumo que já tinha ouvido várias histórias sobre o menino, já o tinha visto jogar um daqueles jogos de fim de ano que os jogadores promovem apenas por diversão.

Eis que o técnico Wagner Mancini aponta, chama o garoto Neymar para entrar e o estádio vem abaixo. Neymar, surpreso, apontou para ele mesmo, recebeu o sinal de positivo, olhou para a torcida, saiu em disparada correndo e tirando o colete... Ele ia estrear. Eu ia presenciar um novo craque surgir.

Foi como se eu estivesse num momento histórico. Assinando, sei lá, o documento de abolição da escravatura ou vendo Dom Pedro exclamar “Independência ou morte”. Estava vendo a história ser escrita, vi Neymar pisar pela primeira vez no gramado como profissional. Vi ele com apenas dois minutos em campo acertar o travessão, dar um passe para Roni marcar um gol. Vi o Santos fazer outro, tomar um. Dane-se, eu vi o Neymar estrear.

O juiz apitou o fim da partida, meu avô estava comemorando ao meu lado, meu irmão do outro, meu pai olhando para nós. Segurei-me para não chorar. Foi muita felicidade para apenas 90 minutos de jogo, foi emoção demais em uma simples partida de futebol. Mas não foi um simples jogo, foi o primeiro jogo do Santos que vi no estádio na companhia da família, foi a estreia do Neymar. Quer sorte maior? Nem a subida monstruosa tirou nossa alegria. Vídeo, fotos e lembranças daquele dia serão eternos, assim como o amor de quatro gerações. Amor, no futebol, é coisa hereditária: passa de pai pra filho.