1 de maio de 2013

O mito, a lenda...


Falar de Fórmula 1 e não pensar em Ayrton Senna é impossível. O eterno ídolo das pistas vai ficar na memória de várias gerações, essa estrela brilha mais do que as outras. Quem fala que não se emociona, não se lembra de Ayrton quando ouve o famoso tema da vitória não é um legítimo brasileiro. Senna imortalizou a música que toca sempre quando acontece uma vitória brasileira na F-1, não foi feita para ele a música, mas ele foi feito para a música, um completava o outro.

Ayrton sempre foi uma figura mística do circo da F-1, foi o grande ídolo de todos. Em uma época que o Brasil sofria carência de ídolos, surgiu Ayrton Senna, que resgatou o esporte brasileiro, o patriotismo que andava em baixa no país. Ele sempre foi apaixonado por velocidade, corria dentro e fora das pistas.

A vitoriosa história de Ayrton, na maior categoria automobilística do mundo começou a ser traçada no Gp do Brasil de 1984, com a medíocre Toleman ou “patinho feio” como era conhecida a equipe.Não é que Senna fez um dos piores carros andar? Conseguiu resultados expressivos com a equipe Toleman, como o segundo lugar em Mônaco, que se tornaria o quintal de Senna, a pista favorita dele, não é a toa que após uma vitória deu um banho de champagne no príncipe Rainier.

Quem não se recorda das brigas de Senna e Prost? Brigas dignas de se tornarem epopéias gregas, no funeral de Ayrton Senna, Prost fez uma declaração inesquecível.“ Fomos rivais dentro e fora das pistas. E só agora percebo o quanto ele era importante para mim. Metade da minha vida se vai. Ele era o meu parâmetro”, disse o francês. A rivalidade instaurada por Senna e Prost deram um novo sentido para a Fórmula 1, ambos foram os responsáveis pelo o grande sucesso da categoria, ninguém lembra de Senna sem lembrar de Alain Prost. Aliás, foi por causa de um Brasil e França, que Senna imortalizou o gesto de conquistar uma vitória e mostrar a bandeira brasileira, a seleção brasileira de futebol havia perdido nos pênaltis para a França na Copa do Mundo do México em 1986,  a equipe francesa de Senna havia tirado o maior sarro dele. Após sua vitória na mesma semana que o Brasil caíra fora do mundial do México, fez questão de pegar uma bandeira do Brasil e mostrar o amor pelo seu país, nascia aí o tal “marketing” de Senna, que na verdade era patriotismo.

Patriotismo esse que beirava o fanatismo, se considerava um representante do povo brasileiro pelo mundo, por isso tinha a obstinação da vitória, para representar a nação de maneira digna e honrada. Senna era um determinado por natureza, essa determinação foi importante para conquistar o sucesso que teve no automobilismo mundial.

O “Rei da Chuva”, apelido carinhoso que ganhou da imprensa mundial, conquistou sua vitória mais suada no Brasil. Incansáveis vezes escutei histórias do meu pai sobre aquela fantástica corrida de Senna. Em Interlagos, o ídolo corria atrás de seu primeiro triunfo em pistas nacionais, havia feito a pole position e após a largada disparou na dianteira, já no meio da corrida a torcida entusiasmada iniciava a festa, o delírio tomava conta de Autodromo José Carlos Pace. A torcida se espremia na arquibancada bradando como no furor de um gol de placa, um único coro “Senna!”. Mas para a preocupação do povo brasileiro a McLaren de Senna vinha perdendo rendimento, perdia as marchas até ficar somente com a sexta, mesmo assim conseguiu sua primeira vitória no Brasil. Devido ao tamanho esforço físico, Senna teve vários espasmos musculares, ergueu o troféu com uma dificuldade imensa, mas com um prazer enorme.

Engana-se quem pensa que o mito Ayrton Senna surgiu aí, a lenda surgiu no Grand Prêmio que deu o primeiro dos três títulos mundiais para o piloto. Ayrton Senna da Silva largava na Pole Position do Gp do Japão, precisava da vitória para sagrar-se campeão do mundial de 1988, mas logo na largada, ele confundiu as marchas e caiu para 16º lugar. Começou, então, a maior atuação de um piloto na história da F-1. Com muita chuva e num ritmo alucinante, Senna foi ultrapassando seus adversários, até deixar o principal concorrente Alain Prost para trás, era a vitória, o título e a consagração de um mito.
Após três títulos mundiais pela McLaren (1988,1990,1991), Senna decidiu respirar novos ares dentro do circo da fórmula 1.

Era o casamento perfeito para todos, o piloto de melhor calibre com a melhor equipe, casamento de pouco sucesso que duraria apenas três corridas. A ironia colocou Ayrton Senna na Willians em 1994, ironia pois a equipe de Frank Willians foi a primeira escuderia que deu a chance de Senna mostrar quem seria dentro da Fórmula 1 em um teste em 1983 na Inglaterra, onde Senna bateu os recordes da pista e fez tempos melhores que os pilotos titulares da equipe. Ironia por que a Willians se tornaria o primeiro e o último carro que Senna pilotaria na F-1.

“Senna Assassinado”, foi a manchete do diário A Gazeta Esportiva de 2 de maio de 1994, o jornal ainda falava que Senna foi morto pelo regulamento e pela ganância dos dirigentes. Ayrton havia protestado contra a falta de segurança do circuito de Ímola, pois nos treinos de sexta Rubens Barrichello bateu forte e foi hospitalizado e, nos treinos de sábado o acidente com o austríaco Ratzemberg foi fatal. O brasileiro reclamou do perigo eminente da pista, mas o presidente da Federação Internacional de Automobilismo, Max Mosley, mandou Senna se calar.

Era a terceira corrida dele pela equipe Willians, era a terceira pole, mas não havia terminado nenhuma das duas provas anteriores. Há cerca de 300Km/h na sétima volta da corrida então liderada por ele, Senna enterrou na curva Tamburello o coração do povo brasileiro. Após colidir com o muro a barra de direção que a Willians havia soldado não resistiu ao impacto e atravessou o capacete do piloto,o socorro demorou 1h40min para chegar, o quadro clínico de Senna era irreversível pois ele havia perdido massa encefálica, o laudo médico declara  a morte do piloto ainda na pista, antes de ser removido ao hospital.

Senna morreu há dezenove anos, no entanto sua memória continua viva, não só pelo seu talento ao volante, mas pelo exemplo que deixou de humildade, dedicação e integridade para todos brasileiros.
Mesmo a nova geração brasileira nunca ter visto Ayrton Senna correr, se imagina e se inveja de não ter vivido a nostálgica época da Fórmula 1, em que a nação brasileira acordava nas manhãs de domingo pra vê-lo nas pistas. Depois da morte de Senna muitas pessoas deixaram de assistir a F-1, o famoso tema da vitória como já foi posto não tem mais tanto encanto, mas a música é como a camisa dez da seleção brasileira de futebol, não pode ser aposentada pois não vamos poder ver outros bons pilotos vencerem ao som dela.

Como Émerson Fittipaldi disse no funeral de Senna: “Nem o Brasil sabia que amava tanto Ayrton Senna.” Mesmo tanto tempo depois, Senna continua vivo na memória do povo brasileiro, seus feitos são passados de geração em geração, é como se ele estivesse em um relicário que a nação brasileira leva consigo para todos os lugares. O ídolo, o mito, a lenda, nunca há de morrer...











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