23 de julho de 2010

Relatos de um repórter infiltrado

Era exatamente 19:30 do dia 21 de julho quando coloquei meus pés no gramado do estádio do Atlético PR, o que seria mais um jogo do campeonato brasileiro, o primeiro jogo do brasileirão que eu iria “trabalhar” como repórter, acabou sendo o decisivo para eu saber se isso é realmente o que quero na minha profissão.
Em meio a outros profissionais de imprensa fico solitário, dessa vez fui sozinho, não tinha os amigos Beto e Miguel juntos comigo... fiquei solitário até a abertura dos portões para o público. Foi aí que começou um sentimento diferente, na arquibancada, na torcida do Santos vejo meus pais e meu irmão... é a primeira vez que vou em um jogo do Santos e não vou assistir ao lado do meu velho. Aceno pra eles de dentro do campo, vejo no sorriso da minha mãe a alegria de ver seu filho realizar um sonho.
Fui até a torcida do Santos e conversei brevemente com minha mãe, depois me debrucei nas polacas de publicidade e fiquei observando estarrecido o que estava acontecendo, eu não acreditava que estava dentro do campo, que estava a passos dos jogadores do meu time de coração, a ficha ainda não tinha caído.
Nisso entra em campo os goleiros do Santos para o aquecimento, antes disso já havia conversado com o Jamelli um dos diretores da equipe alvinegra, mesmo estando longe do meu pai o contado não foi interrompido, existe o celular e quando durante o aquecimento o goleiro Rafael titular do peixe tomou um “peru” meu celular tocou e meu pai foi direto “manda esse bosta aquecer direito”, depois do segundo frango no aquecimento foi a vez de falar “Hoje estamos ferrado”! E não é que meu pai tinha razão!
Já era 21:45, eu já tinha ligado minha máquina fotográfica para dar uma de fã e tirar fotos da equipe do Santos... foi aí que a ficha caiu. Eu ia cobrir o jogo do meu time!
Robinho entra na frente e vai cumprimentar a torcida, eu que não sou bobo corri para fotografar o escrete santista, foi um erro lamentável! Na volta levei cusparadas (nenhuma me atingiu, por sorte) e xingamentos que não cabe falar aqui! Mas assumo que achei isso muito legal!
Saio do campo pois ia ver o jogo dos camarotes... no meio da torcida do atlético, e logo a 1 minuto de partida... Gol do furacão, depois disso o jogo foi acirrado, o Santos não parecia o Santos que encantou o mundo antes da Copa, desfalcado do Ganso perdeu charme no meio campo, e André no banco... deu uma vontade de gritar – Porra Dorival tu é um burro! Mas isso era o de menos vontade mesmo foi mandar o Gaciba lá pra onde Judas perdeu a meia, e gritar pro lateral do Santos o Maranhão que ele é uma merda! Ruim pra cacete!
Mas o pior momento foi quando o Robinho carregou a bola e tocou no meio para o Neymar, Neymar driblou um, dois e chutou pro gol... a bola trisca a trave e sai a torcida do Santso grita Uhhh... e eu no camarote também... pra delírio e fúria da diretoria atleticana que estava nop camarote ao lado... nisso o segurança bate com a mão nas minhas costas... e fala: “O nosso time não é o mesmo... eu também sou santista”, aí me matei de rir!
Foi difícil, no segundo tempo o que meu pai falou aconteceu... frango do goleiro do Santos... com 2 gols contra a vaca já tinha ido pro brejo, mas eu continuava impaciente... minhas pernas balançavam direto, eu roia as unhas, mordia os lábios, estava muito nervoso. Nessa altura já nem lembrava que estava no estádio como imprensa!
Faltando 15 minutos pro termino do jogo eu desci dos camarotes e acompanhei o final da partida dentro do campo, ao meu lado estava o jogador do peixe Zezinho que tinha sido substituído, começamos a conversar e falar sobre o jogo.
O juiz apitou o final e eu pensei agora é a hora de entrevistar o Robinho, no intervalo ele disse que daria entrevistas só no final do jogo, ele passa e eu grudo nele e abrançando ele começamos a conversar... É meio marrento mas gente boa o Robinho! Mais genti boa que ele é o Neymar que vinha de cabeça baixa quando falei “Valeu Ney o importante é a Copa do Brasil”, ele veio em minha direção e meu deu um abraço. Depois disso esqueci que era “repórter” aliás em nenhum momento deixei de ser torcedor, e comecei a dar apoio a todos os jogadores, falava valeu, vamo nessa, ergua a cabeça. Nisso a ficha caiu pela segunda vez, eu tava fazendo o que nunca tinha feito antes apoiar meu time na derrota, fiz e sei que os jogadores estavam escutando, pois com todos que falei me deram a mão e me cumprimentaram!
Qual a sensação de “cobrir” o jogo do seu time de coração? A sensação é um misto de emoção, alegria, raiva e tristeza... alegria por estar ao lado dos jogadores que do time que você torce, alegria por poder falar com eles, raiva por não poder fazer o mais legal de uma partida de futebol, xingar o árbitro, os jogadores da equipe adversária, a torcida adversária, de não poder extravasar geral! Tristeza por não estar na torcida, tristeza por não poder ser torcedor, por mais que fiquei nervoso e soltei um Uhhh, mantive a conduta jornalística a não ser quando pedi pra meio time do Santos uma camisa!
E a imagem que mais me marcou na partida, não foi o abraço que dei no Neymar, muito menso a conversa com Robinho, mas sim no começo do jogo, quando duas crianças que haviam entrado juntamente com os jogadores do furacão saírem correndo e uma abraçar o Robinho e outra o Neymar, foi algo lindo, sinal que no futuro podemos encontrar paz entre as torcidas e que o futebol possa voltar a ser civilizado e que todos possam assistir os jogos misturados como na copa do mundo.
E uma coisa é certa, assistir o jogo do meu time e trabalhar ao mesmo tempo, foi a melhor e pior sensação da minha vida... e que saber: Não vejo a hora do repeteco!

4 comentários:

  1. Tesãod e texto. deve ter sido dificil aompanhar a partida

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  2. o polvo falou que o Corinthians vai ser campeão brasileiro!

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  3. falou é foda, acho que tô ficando loco!
    enfim... o corinthians será campeão!

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