4 de agosto de 2009

De volta para o passado...

“Futebol não pega, tenho certeza; estrangeirices não entram facilmente na terra do espinho”, esse foi o palpite mais furado da história do futebol brasileiro, o primeiro sobre esportes no país, Graciliano Ramos o autor dessa infeliz frase sobre o esporte bretão não acreditava que um esporte inglês conquistaria adpetos no Brasil. Imagina nós sem o futebol? Pois na época do autor de Vidas Secas o esporte mais popular era o remo, tanto que o clube futebolístico de maior torcida do país chama-se Clube de Regatas Flamengo, estranho falar que o remo deu origem ao futebol brasileiro, mas essa é a pura verdade, o remo produziu boa parte das glórias passadas ao futebol.
Brasil é sinônimo de futebol, não poderia ser diferente já que possuímos 14 títulos mundias na categória, cinco da seleção brasileira e nove de mundias de clubes, porém só seis clubes brasileiros sagraram-se campeões do mundo.
As glórias e as histórias são tantas que um museu foi criado especificamente para exaltar a história de uma paixão nacional, o Museu do Futebol que fica localizado no Estádio do Pacaembu é uma viagem às origens do velho futebol.
Uma vez me encantei por uma trilogia de um filme chamado “De Volta para o Futuro”, do brilhante diretor Steven Spielberg, na saga um carro era uma máquina do tempo e, se prestar atenção os três filmes se passam em apenas um dia, o Museu do Futebol é a máquina do tempo, não só da história do futebol brasileiro, mas do futebol mundial, lá podemos viajar através da história do futebol, em apenas um dia.
Se os chineses começaram uma mania de chutar um objeto esférico, que no começo era a cabeça de um oponente de algum combate, os inglêses transformaram esse jogo medieval no football, que os americanos chamam de soccer, e que no Brasil foi aperfeiçoado, modificado para não possuir somente charme e elegância mas alegria, malabarismos, o brasileiro transformou o football em um espetáculo, o transformou no futebol!
No Museu do Futebol podemos começar nossa viajem admirando milhares de jogos de botões, que Pelé em sua autobiografia tanto falou que amava jogar, e curiosamente era os botões do time do Corinthians que ele tinha, o time que sofreu mais gols do Pelé na história . Na mesma sala vemos uma coleção de camisas dos times mais desconhecidos do país, são ao todo 430 camisas de times como o Confiança de Sergipe.
No segundo andar do Museu podemos admirar os “anjos barrocos” craques que aperfeiçoaram o futebol brasileiro, tapumes olográficos pendurados no teto reproduzem as imagens de jogadores fantásticos como Zico, Falcão e Djalma Santos, nesse mesmo espaço podemos ver imagens da jogadora Marta a rainha do futebol feminino, única mulher considerada “anjo barroco”. Ainda no segundo andar podemos ver jogadas históricas que envolvem o futebol brasileiro, também tem uma parte destinada a uma homenagem à rádio e aos grandes locutures, nesse espaço podemos ouvir até Ary Barrozo narrando um gol, o brilhante compositor também era um locutor de futebol de mão cheia, quer dizer, de garganta cheia.
Na passagem para o terceiro andar possui um espaço que inicialmente ficaria vazio pois se localiza em baixo das arquibancadas do Pacaembu, ali foi criada a parte que homenageia as 30 maiores torcidas do País, nesse espaço em telões podemos ver imagens das torcidas, por conhecidência quando passei por lá escutei um tal de “Uh Caldeirão!”.
O terceiro andar é o mais místico e o mais empolgante, o espaço dos hérois exalta os grandes músicos, escritores, artistas, inventores e claro os jogadores de futebol, os únicos que figuram entre as grandes estrelas da cultura brasileira são Leônidas da Silva “ o Diamante Negro”, e Domingos da Guia. O apice da visista é quando nos deparamos com oito totens que detalham a história do mundo e de todos os mundiais, na saída dessa sala nos deparamos com a camisa que Pelé marcou o gol na final da Copa de 70, antes de passar para a parte final do museu temos um espaço que exalta a criatividade do Rei e de Garrincha o “anjo das pernas tortas”, lá vemos imagens e gols que consagraram os dois jogadores que nunca perderam nenhuma partida pela seleção jogando juntos.
No Museu do Futebol ainda temos um espaço que nos faz viajar mais uma vez pela história quando podemos ver as antigas bolas e chuteiras, e quando mergulhamos em um ambiente repleto de números, curiosidades e frases espalhafatórias, aí nos orgulhamos de ser brasileiro.
Dizem que quem vive de passado é museu, se passado é conhecer a história e admirar artistas, quero viver somente no passado.
O idealizador do Museu do Futebol, José Serra disse que: “ Não se trata apenas de criar um museu dedicado ao esporte de um país, mas sim de valorizar o próprio país por meio de uma de suas expressões mais significativas: o futebol.”
Pena que Graciliano Ramos não viu aquela estrangeirice chamada futebol pegar! Por que o futebol pegou? É simples a resposta, futebol é a ponte que liga as elites e os humildes.
Futebol é Brasil e vice-versa...

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